sábado, 29 de janeiro de 2011

NADA É POR ACASO

            28 de janeiro de 2009.
            Nesse dia tinha três coisas urgentes para fazer. Só fui a uma.
            Ao atravessar uma rua com duas pistas, local onde vivi de 1969 a 2001, fui colhida por um carro cujo motorista, infelizmente, estava falando ao celular e ao invés de desviar de mim, acelerou o carro e me colheu, estando eu já com um pé na calçada.
            No susto, dei um passo para trás. Fatalidade!
            Em plena 3h da tarde, como nada é por acaso, fui atropelada e os compromissos, claro, não puderam ser cumpridos.
            O acidente me deixou 8 meses sem poder andar pelas ruas, como faço agora.
            Já produzi um opúsculo sobre o acidente – “Reveses da vida – Diário de uma dor” -, não vale a pena recordar as dores que tive, todas as picadas de agulha que me deram, todas as lágrimas derramadas.
            O que vale é afirmar que tudo o que acontece em uma vida tem sua razão de ser.
            Estava eu, à época, presa às tarefas ditas “inadiáveis”, pois cumpridora de promessas e cônscia dos meus deveres para com as instituições culturais as quais pertenço, naquele dia uma reunião marcada, solicitava a minha presença.
            Fazia tempo que não relaxava dos meus afazeres, levando a termo todas as minhas ditas “obrigações”.
            Pois bem, não fui. Fui, sim, parar em um hospital e dali para outro e deste para outro, em outra cidade.
            Revelação eu tive: quando a gente vem num ritmo acelerado e não para, a espiritualidade dá um jeito de nos parar.
            Foi o que aconteceu. A espiritualidade me parou.
            De lá para cá tenho procurado cumprir o que me cabe por “dever de ofício”, mas sem me estressar tanto, tendo plena consciência de que tudo acontece em seus momentos certos.
            Nasci sob os auspícios de um signo cuja característica é o Tempo e no tempo, tudo vem quer eu me descabele ou não.
            Tudo passa nesta vida. As dores que senti passaram. Os dias, meses e dois anos, passaram.
            Só não passou, e isto fica na lembrança, foi o carinho, o apoio, o amor de amigos e de familiares.
            Isto não tem preço.
            Tudo o que gastei para a minha cura foi contabilizado e pouco ressarcido, mas não faz mal, não me lamento, pois o que ficou foi a fé inquebrantável de que onde há vida, há esperança e ela sobrepuja qualquer dor, qualquer desavença, qualquer tristeza.
            O fato serviu para que eu olhasse a vida com outros olhos, ficasse mais alegre e colocasse de novo a música em minha vida.
            Até um amor aconteceu. Primeiro me apaixonei por um, mas que virou amizade. “Amigos também se amam, disse-me”. E aceitei. Transformei em um livro de mais ou menos 80 páginas com textos e poemas.
            Depois, me apaixonei por um outro, mas esta história ainda não teve fim, está sendo cozida e costurada há alguns meses.
            Mas isto já é outra história. Coisa pra outra crônica ou conto. Ah, como tem coisa!!!
            O que vale ressaltar aqui é que de nada adianta corrermos para chegarmos a qualquer lugar, pois poderá acontecer ter uma pedra no caminho a nos obstruir a passagem.
            Ou um Fiat branco.
            That´s it.
            Aconteceu.
            Maura Soares, aos 28 de janeiro de 2011, 2 anos depois. 04.30h, madrugada, quando me lembro ao acordar que 28 de janeiro de 2009 mudou minha vida, acordando de novo para ela.

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