quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

FALANDO EM PACIÊNCIA

A amante é aquela que recebe as sobras do amor.
Paciente, espera o dia em que seu homem tem tempo, um tempo roubado, pra lhe dar.
Paciente, ela perfuma a cama para dar ao amado todo o amor que ele porventura não tenha em casa.
Paciente ela organiza a casa, às vezes solitariamente, para deixar tudo em ordem e poder proporcionar ao amado horas agradáveis e que ele se sinta renovado quando partir.
Paciente, ela espera o beijo, o abraço, o sexo gostoso, os carinhos que acredita serem sinceros, só pra ela.
Paciente, ela escolhe as roupas mais bonitas de acordo com a ocasião para lhe agradar, sabendo que ele nem terá tempo de reparar.
Paciente, escolhe as músicas de que ele gosta e que serão tocadas na hora do amor.
Paciente, observa os dias que correm ao sabor da lembrança do último encontro.
Paciente, ela lê livros, ouve músicas, faz compras, paga seus compromissos; os dias correm ao sabor do vento, do frio, da chuva, sempre à espera do amado.
Paciente, acredita nas juras de amor, mesmo sabendo que jamais ficará com ele, pois amarras o prendem a outra e ela é também a outra em sua vida.
Paciente, ela escreve poesias enfocando seu amor fugidio, ansiando pelo dia da chegada e sofrendo pela hora da partida.
Paciente, ela vê chegada a hora e em muitos dias a hora não chega, pois compromissos impediram o amor naquele dia acontecer.
Paciente, ela aceita, pois seu amor é maior que tudo na vida.
Paciente, ela recorda as palavras do último telefonema, do último recado, do último som de sua voz.
Paciente, ela recebe as sobras e com elas faz o jantar; com elas organiza a casa;  com elas acarinha o amado; e com elas faz sua vida ter sentido.
Maura Soares
Aos 05 de agosto de 2010

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