sábado, 26 de fevereiro de 2011

Há poemas que a gente aprecia, ficando até como se fosse o carro-chefe. E assim me aconteceu com “Pianíssimo”. Este poema surgiu quando eu assistia Pedrinho Mattar, ao piano, em um programa gostoso em que ele apresentava cenas de filmes entremeadas com seus acordes ao piano, na Rede Vida. Numa bela noite, veio a inspiração.
Este poema teve a releitura do poeta Neomar Narciso Borges Cezar Júnior com o título “Com a lua na janela”. Presenteou-me em uma festividade do Grupo de Poetas Livres.

PIANÍSSIMO
O som do piano
            se espalha na noite
            vazia, soturna...
O artista, solitário,
            dedilha a última sonata
            antes que a noite acorde.
Seus dedos correm pelo teclado e,
            entre as brancas e pretas,
            o som invade a obscuridade.
Ao longe, alguém abre a janela.
O som penetra no quarto
            invadindo a privacidade
            de, quem sabe, outro solitário ser.
O som do piano
            se espalha pela madrugada...
            agora em um acalanto
            esperando o clarear do dia.
Nos dedos ágeis do pianista
            o som do lamento,
            quem sabe de dor,
            quem sabe de amor...
(Maura Soares, aos 29.5.1999, 23.57h)

COM A LUA NA JANELA
Neomar Narciso Borges Cezar Júnior

Ainda que a música cesse,
não sairá do meu pensamento
a sonata que acabou de tocar.
O músico já até foi embora,
mas a emoção
permanece no palco,
não à espera de um aplauso,
e sim,
à espera de que eu também vá embora.
Enquanto ela, Pianíssimamente falando,
mexe na cortina da janela,
perde o sono
e faz Poesia,
“quem sabe de dor,
quem sabe de amor.”
Et son non...
et son non est Maura Soares
avec beaucoup d ´élégance.
(in Revista Ventos do Sul, do Grupo de Poetas Livres, n.05, set.1999)

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