quinta-feira, 3 de março de 2011

Amamos o mar da nossa Ilha, Emanuel e eu. Todas as semanas, pelo menos um dia o visito e contemplo o Cambirela, o Morro do Gigante. Olho ao longe o horizonte, como diz o amado poeta Alzemiro Vieira. Apreciem mais um poema do amado amigo Emanuel.


 HOMEM DIANTE DO MAR  
 Emanuel Medeiros Vieira
                               
 Homem diante do mar
 (instância interrogativa).
 Precária caravela. 
 E finita: a vida
                                
 Trapiche:
 o homem só contempla
 (desembarcado).

No estatuto da memória:                                 
ele se interroga.
 (Nunca mais a ação.)

No porto: a rapariga rosada estendeu o lenço.
Limo: foram-se a juventude, trapiche, rapariga,
lenço.
                                 
 (Mátria: sou apenas um homem diante do mar.)

Desterro?
O instante convertido em sempre?

O homem desembarcado só pode viver de memória:
diante do mar.       

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