sábado, 12 de março de 2011

POEMA PREMIADO


SETE GOTAS

I

Na gota de orvalho
revi teu semblante
teus olhos marcados
pelo peso dos anos
tua pele curtida
vincada pelo tempo

Na gota de orvalho
refleti minha angústia
imolei minhas dores
descerrei a cortina
da minha vida.

II

Gota que cai,
manchando o tapete desgastado da sala de estar.

O gato empoleira-se no parapeito.

A gota agora desvia-se
do caminho e
pinga e respinga a toalha
de renda da mesa de jantar.

O gato assustado dispara
com o olhar em fogo
e a rapidez dos raios.

III

Uma a uma
penosamente
contei as contas do rosário.

Cada hora, cada dia
fui desfiando como as
gotas que caem
de um pranto
silencioso.

IV

A folha treme
à primeira gota de orvalho.

Pesada, ela se inclina
para sentir o beijo
do sol da
manhã radiosa.

V

Na janela entreaberta
sinto os respingos da
chuva.

Ela molha o meu rosto
com as gotas
da  saudade.

VI

A criança brinca
com as mãozinhas
para o alto
tentando contar as
estrelas que brilham
e refletem-se nas
gotas claras de seus
olhos infantis.

VII

Palavras levadas
ao vento
como as folhas  no outono.

Gotas brilhantes
que saem das bocas
sedentas de amor.

Maura Soares
1º.Lugar
Concurso Nacional Geraldo Luz de Poesia
Academia Blumenauense de Letras, Blumenau, SC
Ano 2000
***

Nenhum comentário:

Postar um comentário