domingo, 17 de abril de 2011

...a magia definitivamente se fora....amores que chegam e que vão, na desilusão da felicidade. Alguns a encontram, pois dentro de si ela já existe. Outros, não. Nesta crônica, na inspiração da madrugada, sintam-se tocados,mas acreditem sempre no Amor, como eu.

PERDENDO A MAGIA

         Com o batom, ela escrevera no espelho do banheiro, antes do suicídio, o verso que resumia sua curta vida:
“É triste chorar quando se quer sorrir,
Esperar por quem não vem,
Rolar na cama sem poder dormir,
Tentar agradar sem conseguir.”
         Lembrava-se no momento ao escrever seu epitáfio, dos versos de um outro poeta, talvez desiludido como ela.
         Ali escrevera toda a sua angústia, todo o seu tormento de adolescente frustrada por um amor que pensava eterno e agora via não ser correspondido.
         Ali naqueles versos que as meninas de sua idade iriam ler ao chegarem, na manhã seguinte, ela desfilara toda a desilusão por um amor idealizado e não correspondido.
         Ali, naquelas palavras, o seu desespero.
         Perdeu a magia, ficou o desânimo, o desalento, a dor...
         Perdera a fé no amor, a fé nos homens que havia amado, perdera a esperança...
         Ali, com o batom que antes havia usado para seduzir, os versos marcando a sua infinita tristeza.
         Tantas promessas, tantas palavras, tantos telefonemas, tantos poemas escritos de um para outro e nada de concreto acontecera.
         Ela, na sua vida adolescente, que no seu entender, já vivera muito, aguardava o amor, o amor da promessa, o amor que, em vão, a deixara esperando, esperando...
         Soubera, naquela tarde, que ele havia se casado.
         Seu mundo desabara.
         Como?! E as promessas, e os beijos, e os sexos ardentes nos motéis quando ele vinha nos fins de semana, as escapadas antes de ela retornar da escola para casa?!
         Como isso havia acontecido?!
         Como, se ele sequer nesse tempo de relacionamento, havia mencionado nem que fosse de leve, o nome de outra?!
         Um bilhete havia selado o desencanto.
         Um bilhete, um simples bilhete com aquela letra apressada como um fugitivo antes de se libertar.
         Palavras que se perdiam no mais profundo de sua mente, a lhe marcar, que doiriam para sempre se ela não tivesse decidido por fim a tudo aquilo.
         Palavras, palavras, palavras...
         Doeram em seu coração, doeram em seus lábios que tantas vezes foram beijados... doeram na sua alma...
         Perdido o amor, perdida a magia...
         Partir, a solução.
         Partir para sempre, ir embora, não da cidade, mas da vida, da sua loucura, da sua insensatez...
         Na pia do banheiro, o batom.
         A magia havia se acabado.
         No vermelho, que simboliza o amor, todo o sofrimento.
         No espelho, a tela da vida.
         ...a magia definitivamente se fora.
        
         Maura Soares
         Aos 18 de abril de 2011, 03.15, madrugada de outono.

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