quarta-feira, 18 de maio de 2011

Elucubrando sobre quando fechar a cortina.

NÃO IMPORTA  MAIS

Enterrem-me em algum lugar,
depois que meu espírito subir.
Pouco me importa o que irão fazer do meu cadáver.
Podem dar aos porcos,
quem liga.
A carne deles sairá mais saborosa,
quem sabe.
Me joguem numa vala, também,
 ninguém ligará.
Corpos sem vida não tem mais serventia.
O que fiz ou deixei de fazer,
isso importa.
Isso pesará  lá na porta de entrada,
quando e se me derem o passaporte para um lugar melhor.
Mas façam de mim o que quiserem.
Quero ir nua,
despida de todos os males,
de todas as desgraças
que porventura devo ter causado.
De todos  os choros,
de todas as insatisfações que tenha provocado.
Quero deixar o meu sorriso,
a minha complacência e também as minhas desventuras.
Quero deixar os amores saudosos de mim.
Quero levar comigo os abraços fraternos,
os beijos quentes,
o amor transcendente.
Quero levar os meus pensamentos bons
e aqui deixar as amarguras.
Quero ir sem nada nas mãos
a não ser a luz que delas deverão emanar.
Quero ir assim, sem nada e deixar aqui,
tudo.
Tudo o que não fiz,
tudo o que esperei,
tudo o que amei,
tudo o que desejei.
Quero ir assim,
sem nada!
Maura Soares, aos 18 de maio de 2011, 21.30h

Um comentário:

  1. Olá, Maura.

    Hoje peguei um ônibus com destino ao aeroporto de Florianópolis e li a sua poesia intitulada "E no silêncio...". Ela tocou-me profundamente e por isso gostaria de saber se você a publicou em algum livro. Vejo que está aqui na página como um adesivo, porém a ampliação não permite a leitura.

    Um abraço

    Rosana.

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