terça-feira, 17 de maio de 2011

Ilustrando o blog mais um poema de Emanuel Medeiros Vieira



OFÍCIO

Emanuel Medeiros Vieira

Mal rompe a aurora:
papel,  lápis afiado, borracha.
Nada muda nada?
Continuas: sempre.
A palavra.
Não importa que (quase) ninguém queira mais saber.
Prevalência de imagens, aparelhos eletrônicos
Soberano reino do aparecer.
Chove lá fora: solitário ofício – desde menino.
Desaparecerá o sonho de ouvir e de contar histórias?

Rompeu a aurora e continuas:
o café ficou frio, o leite talhou, o pão é  dormido.
(O que importa?)
Médium, antena.
Freud já sabia: os poetas chegaram antes de nós.
“Publicar é pôr o espírito humano em leilão”
(Emily Dickinson).
Dar a cara ao tapa:
este  o ofício.
Agora, tudo é noite.
(E desmoronamos.)
Navegando, aportando,envelhecendo – a caminho da eternidade
(As Parcas sempre chegam – para todos: fúteis, soberbos, sonhadores.)
(Salvador, maio de 2011)

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