quinta-feira, 5 de maio de 2011

Sonho ou verdade? Ou apenas desejos a serem concretizados?

COISAS  DA MADRUGADA

O sereno molhava a vidraça deixando certa umidade no ar.
Ela levantou, foi à janela, olhou a rua na madrugada. Nada.
Ninguém  a passar.
Seu corpo doía da noite mal dormida.
O dia anterior havia sido de cansaço.
Muito cansaço.
Sem forças para empreender qualquer coisa, havia se deitado,
 mas a noite fora povoada de sonhos.
Sonhos que desejava fossem verdadeiros, mas apenas sonhos que
se esvaíram do pensamento quando ela, em um movimento,  acordou.
O relógio da cabeceira marcava três horas.
- Não acredito que tenha dormido tão pouco, pensou.
No entanto, não fez disso uma preocupação. Pensou no que a fizera acordar-se.
Ah, o sonho.
Relaxou seus músculos e recordou.
O lugar era silencioso, uma música suave tocava no ambiente de um
 lugar qualquer da parede, controlado por alguém.
Ela estava em pé perto da cama que não era a sua, não sabia dizer qual.
No leito um homem repousava, de lado, com um braço sob o travesseiro.
 Sua face estava serena, como a dormir o sono dos justos,
ou satisfeito após o desejo saciado.
E ela em pé ao lado da cama a observar aquele homem com a face tão serena.
Seu coração lhe dizia que o amava, mas quem  era ele?  Onde o conhecera?
Em algum lugar do universo os dois haviam se encontrado,
 tinha plena convicção disto.
Sentiu frio e um impulso de deitar-se ao lado daquele homem.
Os pés estavam gelados. Olhou e viu estar descalça.
Resolveu aconchegar-se nas cobertas.
O homem se mexeu e passou o braço sobre ela.
Ela sentiu o calor dele em seu corpo.
Beijou o braço que pesava em seu peito.
Quem é este homem, por que estou aqui,
e por que me sinto tão bem, tão relaxada?
Amo este homem, é isso?  Quem é ele?
De onde o conheci?  Por que esta paz que há tanto tempo não sinto? 
Por que seu corpo me aquece, me dá tranqüilidade?
Em que profundezas do universo nos encontramos?
O calor do homem a faz recordar da noite em que passaram juntos,
os beijos, as carícias, os sexos se encontrando num desejo que fora reprimido,
mas que explodira como uma louca paixão.
Deixou-se levar pelo devaneio com o seu corpo sendo aquecido por ele que,
no seu repouso, qual um menino, ficara na mesma posição,
só com um braço sobre ela.
E a paz reinou em seu coração.
Nisso, o relógio, programado, bateu as seis horas.
Sobressaltada, acordou.
Havia sido somente um sonho.
Aos 20 de maio de 2010 – 5.05, madrugada.

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