ROSAS EM VERSO
Pena presa, nos dedos, firmemente,
Olhar, em ponto vago, concentrado,
Nas laudas do papel, à sua frente,
Um poema mal escrito, já esboçado.
Se o espírito adormece e fica ausente
Como, por mil duendes, embalado,
Por sonhos doutro mundo voa a mente,
Qual cavaleiro em seu corcel alado.
E se alguém se revolta, se ergue e clama,
Numa feroz censura, em voz que brama,
Na simplicidade dos seus afectos,
Só diz, abrindo a mão, erguendo o braço,
Como quem deita rosas no regaço:
- São meus versos, amigo, meus sonetos.
António José Barradas Barroso
Parede, Portugal
[In: “...antes que chegue o inverno”,pág.91]
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