domingo, 28 de agosto de 2011

Tango, um dos ritmos que sempre me atrairam. Um dia, numa tarde, ouvindo Piazzolla saiu este poema.


UM BANDONEON DENTRO DA NOITE

Em cada puxada do fole,
um grito de dor e de saudade.
O ritmo sincopado do tango
atravessa a espessa noite
e, como lâmina forte,
fustiga no peito apaixonado.

Carlos Gardel, Piazzolla...

A melodia conta amores perdidos,
corações dilacerados,
juras de amor não correspondidas,
lágrimas derramadas,
batom carmesim...

O bandoneon agita-se.
Os corpos suados entrelaçam-se
numa paixão doída,machucada.
Os corpos colam-se
na volúpia da música.
As bocas se procuram
ávidas, gananciosas...

O bandoneon marca o fim do ato,
no cansaço,
no suor,
no esgotamento...
no prazer.

Maura Soares, aos 26 de dezembro de 1999, 17.15h (ouvindo Piazzolla)
[In:Retalhos-contos, crônicas,poesias. Obra artesanal, 2001]

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