terça-feira, 13 de março de 2012

DIA NACIONAL DA POESIA, HOMENAGEM A CASTRO ALVES


         
                                                                           DIA NACIONAL DA POESIA

            Comemora-se dia 14 de março o Dia Nacional da Poesia em honra do poeta Castro Alves (1847-1871). Bem nascido, filho de médico, cursou a Faculdade de Direito, em Recife, como tantos outros poetas da terceira geração romântica.

            É o mais libertário dos românticos. Engajou-se na causa liberal-abolicionista, exprimindo-se através de seus versos; partilhava dos ideais democráticos. Em seus poemas tratou com clareza, franqueza e desenvoltura até então inéditas na literatura brasileira  o desejo carnal e os encantos da mulher amada.

            Oriundo da pequena burguesia emergente, em meio ao crescimento da cultura urbana brasileira e à crise do Brasil rural, Castro Alves fez diferente de alguns de seus pares: desprovido de tendência escapista-bucólica e imbuído de corajoso otimismo, entusiasmou-se com o progresso civilizatório.

            Seu poema Navio Negreiro é de uma beleza e importância histórica sem precedentes.

            Espumas Flutuantes (1870) é o único livro publicado durante a vida do autor.

            Castro Alves faleceu em Salvador, em 1871,de tuberculose, aos 24 anos de idade.

            [extraído da obra Espumas flutuantes, contra-capa]

           

            Ilustro a homenagem ao grande poeta, apresentando o poema Os Três Amores, página 30, de Espumas Flutuantes.



            OS TRÊS AMORES

            I

            Minh´alma é como a fronte sonhadora

            Do louco bardo, que Ferrara chora...

            Sou Tasso!... a primavera de teus risos

            De minha vida as solidões enflora...

            Longe de ti eu bebo os teus perfumes,

            Sigo na terra de teu passo os lumes...

                        - Tu és Eleonora...



            II

            Meu coração desmaia pensativo,

            Cismando em tua rosa predileta.

            Sou teu pálido amante vaporoso,

            Sou teu Romeu... teu lânguido poeta!...

            Sonho-te às vezes virgem... seminua...

            Roubo-te um casto beijo à luz da lua...

                        - E tu és Julieta...



            III

            Na volúpia das noites andaluzas

            O sangue ardente em minhas veias rola...

            Sou D. Juan!... Donzelas amorosas,

            Vós conheceis-me os trenós da viola!

            Sobre o leito do amor teu seio brilha...

            Eu morro, se desfaço-me a mantilha...

                        Tu és – Júlia, a Espanhola!...

                                   (Recife, setembro de 1866)

Postado por Maura Soares, aos 13 de março de 2012, 21.30h

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