sexta-feira, 30 de março de 2012

SEM ARREPENDIMENTOS



JÁ VAI  LONGE...

Já vai longe o tempo da brincadeira na calçada 5 Marias, comidinhas, pular corda...
Já vai longe o primeiro dia de aula, a primeira merenda, sopinha de feijão, leite em garrafinha, a alfabetizadora num tempo severo de estudo...
Já vai longe o primeiro dia no ginásio hoje dito ensino fundamental em que se saía do regaço de uma única professora para se encontrar um ser diferente em cada disciplina...
Já vão longe os primeiros olhares para os meninos da classe ou das outras classes no velho Instituto de Educação e  o primeiro poema de amor...
Já vai longe o primeiro choro de saudade  do amor que ficou para trás e que nos traz deliciosas recordações...
Já vai longe a primeira dança rosto colado ao som do bolero que evoluiu para “de que vale tudo isso se você não está aqui”...
Já vai  longe o primeiro vestibular, o nervosismo, o nome na lista de aprovados, professores mais preparados pelas suas trajetórias em especializações...
Já vai longe a primeira formatura com muitos cursos juntos num mesmo salão a escutar aqueles discursos enfadonhos de paraninfos, oradores sempre dizendo os mesmos chavões e quase nada mudou nos dias atuais...
Tudo já vai longe, pois depois de tudo isso os sucessivos empregos, o nascimento do filho, a entrada em grupos literários, outra faculdade, os prêmios de teatro e poesia, e a imortalidade em uma academia de letras.
Já vai longe...
Na entrada da sétima década de vida tudo já vai longe e deixa a sensação do dever cumprido e, claro, sem arrependimento de nada, pois se tivesse que fazer tudo de novo, com outra cabeça, outro pensamento como estou agora, faria sim, só que melhor e muito mais gostoso.
Saberia aproveitar melhor as oportunidades que se apresentaram e por timidez, não fui adiante.
Amaria mais e melhor, entregar-me-ia ao Amor mais e melhor.
Sem arrependimentos.
Maura Soares, aos 30 de março de 2012, 08.15h

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