ADEUS,
POETA!
Santa Catarina, o
Grupo de Poetas Livres e a Academia Desterrense de Letras e São José de Letras,
perderam mais um poeta, o Poeta das
Cantilenas – Alzemiro Lídio Vieira – nascido em São José, em 1943.
Dono de uma possante
voz, encantava a todos quando se apresentava nas reuniões e eventos do Grupo e
nas academias e convidado por outras instituições, como o Instituto Histórico e
Geográfico de Santa Catarina, participando do Seminário Internacional das Ilhas
do Atlântico e também por ocasião do centenário de morte de Cruz e Sousa, na
sede do IHGSC, com membros do Grupo Armação, “Cruz e Sousa, o poeta da dor e do
amor”.
Alzemiro, o nosso
Cisne Negro, no seu poema Nova Visão,inserido
na obra Mundo Neutro, cita: Olho longe o
horizonte/ numa visão indefinida/ Sei que vou buscando a vida / Vou bebendo
nostalgia/ do cálice da ilusão/.
Seu olhar não ficava
só no horizonte. Seu pensamento, sua alma estavam sempre voltados para seus
irmãos que sofreram e muitos ainda sofrem com a escravidão seja que conotação
tenha nos dias atuais.
De profissão
mecanógrafo, trabalhou na UFSC. Lá, teve reconhecido seu talento como poeta e
artista plástico, participando de coletivas no hall da Reitoria. Seu livro, Mundo Neutro, teve o prefácio do crítico
de arte Osmar Pisani, que viu em Alzemiro o talento também para a poesia. Na
UFSC participou do Coral sob a regência do maestro José Acácio Santana.
Membro do Grupo de
Poetas Livres desde o ano 2000, idealizou o Projeto interno com Adir Pacheco, O escritor e sua obra, até hoje
apresentado pelos membros do Grupo, que consiste em apresentar biografias de
escritores, e os espetáculos Poesia, Luz
e Som; A utilidade da utopia; Tributo a Cruz e Sousa e Retina da Alma, este
último apresentado dia 27 de junho de 2013, quando ainda lutava por sua saúde.
Apresentou-se nos
Encontros com a Poesia, projeto do Grupo Armação em parceria com o GPL. Como
ator do Grupo Armação apresentou-se na peça Eles
não usam Black-tie, de Guarnieri, obtendo o Troféu Bastidores, idealizado
por Valdir Dutra e por mim apresentado durante os 15 anos da premiação. Pelo
Armação, também um Auto de Natal e a celebração a Cruz e Sousa, para o IHGSC,
citado.
Sua biografia faz
parte da Enciclopédia Literatura e
Afrodescendência no Brasil – Antologia Crítica, editada pela UFMG, ao lado
de grandes brasileiros, nas diversas áreas do conhecimento.
Na Academia São José
de Letras ocupou a cadeira cujo patrono é Araújo Figueredo e na Academia
Desterrense de Letras, o patrono é Ildefonso Juvenal que, como Alzemiro, também
um poeta que incursionou pelo teatro de Florianópolis, como dramaturgo.
Ildefonso é patrono de uma cadeira na Academia dos Militares de Santa Catarina.
Falar de Alzemiro é falar da dor e do amor, tal
qual Cruz e Sousa; é lembrar Castro Alves com seu belo poema Navio Negreiro, é sentir o lamento dos
cativos nas suas cantilenas, é amar a poesia e dela fazer um canto de
liberdade.
Em sua vida
literária recebeu troféus, medalhas e diplomas. O mais recente, em 2012, foi o
Troféu Manezinho, premiação idealizada por Aldirio Simões.
Seu talento é
reconhecido por todos os militantes das letras catarinenses. Pena que o poder
público pouco ou quase nada faz para homenagear a prata da casa.
Postumamente podemos
dizer muitas coisas, mas o homenageado não estará mais ali para receber o
elogio por seu trabalho. Felizmente, o
GPL está isento disto, pois soube sempre reconhecer a obra do poeta que, temos
certeza, irá encontrar, na Pátria Maior, outros talentos como os dele e juntos
entoarem o canto de amor e esperança.
Em seu poema Nave da vida auto-prefácio, inserido na
Antologia dos 15 anos do GPL, diz: “Na
travessia desse magro ciclo/ Não sou e jamais penso ser/ Um poeta
definitivamente pronto/ Sou apenas um singular persistente/ Operário do ofício
sacrossanto divinal/”.
Em “Não sou o fim do
fim”, diz o poeta: Sou o fim da
caminhada/ não o fim do caminho/ Sou taça quebrada/ não o fim do vinho.”
Adeus, poeta! O GPL
e todos que cantam a dor e o amor te saúdam.
Profª Maura Soares
Presidente do Grupo
de Poetas Livres
Fones 3249 6082----cel 8406 7799 (TIM)
Registro aqui...minha admiração e respeito pelo Poeta Alzemiro, sempre será lembrado , com carinho e saudades...
ResponderExcluirvera portella